Sucatas de veículos ameaçam o meio ambiente por falta de destinação correta Sucatas de veículos ameaçam o meio ambiente por falta de destinação correta

Milhões de toneladas de ferro-velho são abandonadas em locais impróprios, perdendo valor que poderia ser recuperado no processo de reciclagem

Mesmo com o fácil acesso à informação, muitas pessoas desconhecem a maneira correta de descartar determinados tipos de materiais. O ferro-velho é um exemplo disso. Não é difícil encontrar veículos abandonados nas ruas ou em terrenos baldios. A destinação destes é regulamentada pela lei federal 9503/97 no artigo 126 do Código de Trânsito Brasileiro, entretanto raramente é cumprida. A questão se agrava ainda mais nos pátios dos departamentos de trânsito das cidades, onde milhares de carros, motocicletas, ônibus e caminhões ficam a mercê da burocracia, envolvendo questões legais, que os impedem de serem despachados.

O problema envolvendo as sucatas abandonadas é extenso. Exposto às ações climáticas, eles ficam sujeitos a se tornarem criadouros de insetos e outros tipos de animais, como o Aedes Aegypti, mosquito transmissor da dengue, febre zika e chikungunya. Desta forma, os vizinhos dele ficam expostos à doenças e pestes. A deterioração do material do qual são fabricados resulta em um produto que pode contaminar o solo e água de rios e mananciais próximos.

A quantia de dinheiro perdida com todo este material que não é reciclado é muito grande. Segundo o Sindicato do Comércio Atacadista de Sucata Ferrosa e Não Ferrosa do Estado de São Paulo (Sindinesfa), apenas 1,5% passa pelo processo, enquanto nos Estados Unidos e países europeus chega a 95%. O material resultante é reenviado para as siderúrgicas eu abastecem fabricantes em geral. Cada tonelada de aço reciclado representa uma economia de 1,2 toneladas de minério de ferro, 154 quilos de carvão e 18 quilos de cal, segundo o Instituto Reviverde. E, no caso dos veículos, quase todos os componentes podem ser reciclados.

O Sindinesfa estima que entre 3 e 4 milhões de veículos estejam em condição de reciclagem no Brasil. De acordo com o sindicato dos sucateiros, a indústria sucateira tem a capacidade e tecnologia suficiente para processar todo esse material, em torno de 12 milhões de toneladas por ano de forma ecologicamente correta. São muitos os empecilhos para o reaproveitamento, indo desde a falta em uma legislação abrangente a todo o território nacional até a falta de incentivos.

Em 2013, foi aprovado projeto de lei no Senado que torna a reciclagem de veículos fora de circulação obrigatório, entrando no sistema de logística reversa proposto pelo Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Projeto de lei, ainda sem aprovação, estipula a responsabilidade de recolher a sucata e enviá-las para a reciclagem para o próprio fabricante.

Gisela Lopes

Incansável na defesa dos animais e na busca de soluções para o lixo. Luta pela conscientização das pessoas para as questões ambientais e a valorização do uso dos poucos recursos naturais que ainda nos resta.

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