Baía de Guanabara sofre com os altos níveis de poluição
Meio Ambiente 18 de maio de 2015 Gisela Lopes 0
Duas décadas de ações públicas depois e bilhões de reais em investimentos, um dos cartões postais cariocas sofrem com o alto nível de poluição em suas águas
Faltam pouco menos de 500 dias para o início das Olimpíadas Rio 2016 e a Baía de Guanabara ainda enfrenta sério problema de poluição. Uma região que até algumas décadas abrigava grande biodiversidade, hoje sofre com milhões de toneladas de lixo e esgoto que são depositados nela todos os anos. A comissão organizadora das Olimpíadas já ameaçou retirar as competições de vela do local se medidas drásticas para reverter a situação não fossem tomadas.
Com cerca de 400 km², a Baía de Guanabara é rodeada por toda a região metropolitana do Rio de Janeiro. Ali vivem pouco mais de 10 milhões de pessoas. Todos os 45 rios que lá desembocam passam por áreas densamente povoadas, recebendo seus dejetos e lixo ao longo de seu percurso. Só no município de São Gonçalo, a poluição dos rios está 500% acima do permitido. Faz vinte anos que o governo estadual tenta reverter a situação, onde mais de R$ 10 bilhões já foram investidos. O projeto mais recente, iniciado em 2011, visava as competições esportivas do próximo ano, buscando deixar um legado. A meta era atingir 80% de tratamento de todo o esgoto da capital carioca.
A preocupação vai além das Olimpíadas. A Baía de Guanabara é um risco para toda a população que vive em seu entorno. Ela já é um foco de doenças que, só em 2013, foram 22 mortes, segundo levantamento do Ministério da Saúde. O lixo vai parar nas praias e interfere na navegação de pequenas embarcações, destrói manguezais, estes que são ecossistemas sensíveis e cruciais para a manutenção da vida marítima. As praias que são personagem importante na rotina do carioca, oferecem cada vez mais perigos para eles. Sem contar que através do sistema de barcas, 100 mil passageiros fazem a travessia entre as cidades de Niterói e Rio de Janeiro por dia.
Desde janeiro de 2007 está em vigor a Lei Federal nº 11.445, que estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico e é nele que está baseado o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB). Um de seus objetivos é aumentar a coleta de esgoto na região, que ainda é muito precária e não atende boa parte dos moradores. Só nele serão investidos US$ 640 milhões de dólares. Mas é um ideal longe do que deve ser alcançado para os jogos olímpicos. Segundo especialistas precisa de muito mais do que apenas a despoluição da baía, é necessário um trabalho de conscientização dos moradores para evitar que novos detritos voltem a ser despejados nos rios e lagos. Ainda assim, seria necessários 20 anos para que a política surta efeitos, isso se ela for aplicada de maneira rígida.
A Baía de Guanabara é o cartão postal do Brasil para o mundo. É um local onde a preservação é de extrema importância para a saúde pública e para a manutenção da imagem do nosso país. Afinal, os dois aeroportos da cidade são localizados nela, além de diversos pontos turísticos que são banhados por ela, como a Ilha de Paquetá e a Fortaleza de Santa Cruz. Ações do governo estadual e da população são essenciais para o processo de restauração da baía. Não apenas cobrar as autoridades responsáveis, também temos que fazer a nossa parte para garantir uma cidade mais saudável e bonita para nós e aqueles que a visitam.
Gisela Lopes
Incansável na defesa dos animais e na busca de soluções para o lixo. Luta pela conscientização das pessoas para as questões ambientais e a valorização do uso dos poucos recursos naturais que ainda nos resta.
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