Lixo flutuante nos oceanos mata milhões de espécies a cada ano Lixo flutuante nos oceanos mata milhões de espécies a cada ano

Milhares de toneladas de lixo são depositados nos mares, ameaçando o equilíbrio de ecossistemas podendo levar à sua extinção

A quantidade de animais marinhos mortos por ingestão de lixo flutuante aumenta a cada ano. As tartarugas são as mais afetadas, por confundirem os detritos com alimento. Só em 2012, foram encontradas 70 tartarugas mortas no litoral do estado de Maceió. Boa parte destes animais são vulneráveis ou se encontram em perigo de extinção. Estima-se que os resíduos matem em torno de um milhão de aves e peixes e outros 100.000 mamíferos.

O lixo marinho atinge a fauna como um todo, sendo 90% de sua composição apenas de plásticos. Estes materiais se alojam no sistema digestivo dos animais, provocando perda de assimilação de nutrientes de alimentos reais e, dependendo da quantidade, libera substâncias fatais no organismo. Segundo o Projeto TAMAR, o fenômeno pode ser responsável pelo colapso de determinadas populações, como focas, tartarugas, golfinhos e aves marinhas. Em 2013, na Holanda, uma baleia de 14 metros foi encontrada morta por ingerir 20 kg de plástico.

Todo ano, aproximadamente 6,4 milhões de toneladas de lixo são descartados nos oceanos e mares. 80% vem dos continentes e 20% de navios. A ameaça não está somente no que é descartado nas praias, mas o lixo urbano também encontra o seu caminho para o mar, por meio de rios e córregos. Mais de 13 mil pedaços de lixo plástico está flutuando em cada quilômetro quadrado do oceano, atualmente. A maior presença deste material se dá por seu longo tempo de decomposição, que pode chegar a 500 anos.

Ilhas de plástico

Nas últimas décadas, os cientistas têm presenciado um fenômeno denominado de “ilhas de lixo”. Alguns propõe a existência de um ecossistema baseado no plástico flutuante. No pacífico, há uma destas ilhas que se estende por uma área maior do que o estado de Minas Gerais. Ela se encontra entre a Califórnia e o Havaí, na maior região de correntes marítimas do mundo denominada de Giro Subtropical do Pacífico Norte (NPSG, em inglês). Nestes aglomerados plásticos, bactérias e insetos se desenvolvem em condições muito mais rápidas do que o normal, podendo desequilibrar drasticamente o ecossistema em que se inserem.

Um tipo de plástico que é pouco conhecido, mas que está presente em altíssimas quantidades no ambiente marinho, são os pellets ou nibs. Estas partículas possuem poucos milímetros de diâmetro e são utilizadas como matéria-prima na fabricação de produtos plásticos. Entretanto, grande parte é perdida em seu transporte por navios. Na Nova Zelândia foram identificados até 100.000 deste material por metro linear de praia. Os pellets podem ser veículo de substâncias químicas como agrotóxico, e, em sua composição, são encontrados compostos (DDTs e PCBs) que, quando ingeridos, podem causar disfunções fisiológicas e alterações hormonais em animais.

Este é um cenário que poucas pessoas dão importância. A maior urgência é repensar a produção e consumo de plástico, tão presente na economia moderna, dentro dos nossos hábitos. Outro ponto importante é destinar aos locais corretos, evitando que ele chegue aos ambientes naturais. Muitos destes animais que consomem este lixo com substâncias tóxicas vão parar direto na nossa mesa. Estudos revelam que toxinas sintéticas se concentram em nosso organismo, sem possibilidade de serem retiradas, podendo causar diversas doenças.

Gisela Lopes

Incansável na defesa dos animais e na busca de soluções para o lixo. Luta pela conscientização das pessoas para as questões ambientais e a valorização do uso dos poucos recursos naturais que ainda nos resta.

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